80–85
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Nada de milagre,
Diretas Já!

Anos 1980

Nada de milagre,
Diretas Já!

No Brasil do início dos anos 1980, o cenário econômico é dramático.
As contas públicas sofrem com gastos muito maiores do que a arrecadação do governo e o “milagre econômico”, o aumento na produção de riquezas do país que sustenta o discurso da ditadura militar (no poder há quase vinte anos), está distante da realidade dos brasileiros.
A recessão faz a população viver o conhecido arrocho salarial e enfrentar uma inflação na casa dos três dígitos ao ano. De tão desvalorizados, os centavos do cruzeiro deixam de circular. Junto com a economia, o apoio ao governo despenca. Captando esse sentimento popular, a oposição ao regime vê nele a chance de restabelecer a democracia no Brasil: nasce a campanha das Diretas Já!

Foto PB. Fachadas de prédios e pessoas na rua atrás de uma grande faixa. As pessoas seguram bandeiras com os dizeres: “Eu quero votar para presidente” e “Diretas já! ”
Passeata da campanha Diretas Já em São Paulo, 1984AUTORIA DESCONHECIDA/ACERVO PRES. F. H. CARDOSO.

1984

A emenda
Dante de Oliveira

A campanha Diretas Já articula-se pela aprovação no Congresso da emenda constitucional Dante de Oliveira, que oficializaria as eleições diretas para a presidência.
Diferentes grupos políticos unem-se no movimento, almejando uma mudança efetiva nos rumos do país. Ele é encabeçado pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do qual fazem parte nomes como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas, seguido por outros partidos, entre eles o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e o PDT de Leonel Brizola. Junto aos partidos, intelectuais, sindicalistas, artistas (como Milton Nascimento, Chico Buarque, Fafá de Belém e Henfil) e grande parte da imprensa aderem à mobilização das Diretas Já.
Grandes manifestações ocorrem em quase todas as capitais, com milhares de participantes, como a do Vale do Anhangabaú, em São Paulo, que reúne cerca de 1,5 milhão de pessoas em abril de 1984. No Congresso, no entanto, a emenda que defendia a vontade popular e mudaria a Constituição não é aprovada por falta de votos.

1985

Vem a vitória

Se o voto direto não era o caminho para encerrar o governo militar, o movimento lança a candidatura de Tancredo Neves em eleições indiretas no Colégio Eleitoral contra o representante do partido dos militares, Paulo Maluf. Nesse momento, o PT abandona o movimento; o partido do governo, o PDS, racha e uma parte se une a Tancredo para formar o Partido da Frente Liberal, o PFL. Em janeiro de 1985, a chapa Tancredo Neves/ José Sarney vence o pleito.
Após vinte anos, o Brasil voltaria a ter um presidente civil.

Nos bastidores

Cebrap

1985

Luto e incerteza

A transição para a democracia sofre um forte abalo já de início. Pouco antes da posse, o presidente eleito é hospitalizado e seu estado de saúde se agrava a cada dia. Sua luta pela vida é acompanhada por uma nação apreensiva. Após 38 dias, Tancredo Neves morre. A chegada ao poder de seu vice, José Sarney, no entanto, é assegurada – um sinal de que a democracia podia ser conquistada.

Foto PB. Ao fundo adultos e crianças. Em close, um jornal erguido com a manchete “A morte do homem do Brasil”, a foto de um homem e abaixo, “Tancredo Neves”.
Multidão acompanha o cortejo com o corpo do presidente eleito Tancredo Neves pelas ruas de São Paulo, 1985.Geraldo Guimarães/ Estadão Conteúdo

Nos bastidores

Abertura democrática

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